Vão-se os dedos…

Mais uma semana se passou e parece que os problemas são os mesmos.

Ainda temos um trabalhador em estado grave na UTI do Hospital Mario Covas, vítima de um acidente na Asbrasil há poucos dias, e um novo acidente, desta vez na Pollone, deixa outro
companheiro mutilado por uma amputação de dois dedos.

Por trás desses acidentes e das centenas de outros que acontecem todas as semanas, existe muito mais do que fatalidade e coincidência. Existe descaso!

Só mesmo a falta de valorização da vida e do ser humano pode justificar essa realidade.

Mas, não se pode negar que existem também algumas condições que estão presentes e são causa da maioria desses acidentes.  A mais importante talvez seja a falta de proteção das
áreas críticas das máquinas.

Tanto na Asbrasil como na Pollone, se as máquinas tivessem proteções exigidas pela NR12 e pela convenção de proteção de prensas, esses acidentes não aconteceriam.

Mais grave ainda é o caso da Pollone. A empresa foi fiscalizada pela Vigilância em Saúde do Trabalhador, fez as proteções todas erradas, e quando foi fiscalizada novamente foi multada
por ter retirado as proteções e colocado as máquinas para produzir.

Outra questão é a falta de poder das instituições que fiscalizam e não interditam as máquinas que apresentam risco grave e iminente como manda a lei. Muito importante também é a ganância financeira das empresas que, quando a produção cresce como agora, simplesmente
aumentam o ritmo de trabalho, chamam horas extras e não contratam a mão de obra necessária à demanda de trabalho.

Também são comuns a essas empresas o autoritarismo nas relações com os trabalhadores e com as representações sindicais.

Enfim, contrariamente ao que dizem as empresas, os menos culpados são os trabalhadores que, sem outros meios de prover suas necessidades, submetem-se a um trabalho desumano e perigoso como única alternativa de sobrevivência. Essa é a desigualdade social que o capitalismo
impõe.