Veículos elétricos, um sonho ainda distante
Frota de carros a eletricidade só deve aumentar com queda dos preços e ampliação da rede de postos
Os veículos elétricos leves registraram recorde de vendas entre dezembro de 2023 e os dois primeiros meses deste ano, desbancando pela primeira vez os modelos híbridos comercializados no Brasil. A pergunta que se faz no mercado é se a liderança na categoria dos eletrificados se consolidará ou se o fenômeno é apenas um crescimento pontual. Dependerá da capacidade das montadoras em equiparar os preços aos dos veículos convencionais, respondem especialistas do setor automotivo.
Dos 38.756 eletrificados leves comercializados entre dezembro de 2023 e fevereiro deste ano, 14.015 corresponderam aos veículos elétricos, com destaque para os modelos lançados pelas montadoras chinesas BYD e GWM, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Com o resultado obtido, a fatia dos elétricos no mercado total de automóveis e comerciais subiu de 5% para 7% no período.
Apesar do sucesso comercial, os elétricos custam mais caro e, por enquanto, estão ganhando o espaço do veículo a combustão no segmento premium, suprindo a demanda de consumidores de maior poder aquisitivo, afirma Carlos Libera, sócio-líder de prática automotiva e mobilidade na América do Sul da consultoria Bain & Company. “Enquanto os preços não forem competitivos, o aumento das vendas continuará limitado ao público de alta renda”, enfatiza.
Como os eletrificados são importados, já que ainda não há produção local, o Imposto de Importação, que começou a ser cobrado neste ano e será escalonado até 2026, deve pressionar ainda mais os preços no mercado. Talvez as vendas dos modelos elétricos no segmento premium sejam reduzidas e a curva de crescimento dos veículos mais baratos se acelere, analisa Libera.
Do Valor Econômico