Veículos: escoamento está 68% acima do normal e vendas devem cair 34%

O escoamento de veículos nas montadoras, transportadoras e concessionárias estão 68% acima do normal. E as vendas do primeiro mês do ano devem fechar em 240 mil unidades vendidas, considerando os automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões.

Segundo os cálculos do economista da Agência de Varejo Automotivo MSantos, Ayrton Fontes, os estoques dos veículos nos pátios estão em 42 dias – sendo que a média do mercado é de 25 dias.

“Os estoques continuam muito elevados, pois as montadoras continuam com suas produções em larga escala, contando com o mercado interno, pois ainda não conseguiram aumento das exportações em função da defesagem cambial”, disse o economista em nota.

Vendas
Com estoques ainda cheios, Fontes calcula que haja uma queda de mais de 34% nas vendas de janeiro, na comparação com as de dezembro – considerando autos, comerciais leves, ônibus e caminhões. Até agora, segundo último relatório da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), nos primeiros quinze dias do ano foram comercializados mais de 126 mil veículos, exceto motos – uma queda de 34% sobre as vendas da primeira quinzena de dezembro.

“Normalmente, todo mês de janeiro tem uma queda [nas vendas] em função das férias, ressaca do final de ano e gastos extras”, afirma Fontes. “[Em janeiro] esta queda foi turbinada com o aumento das taxas de juros cobradas nos financiamentos de veículos, redução dos prazos e exigência de entrada, após plano macro prudencial anunciado pelo Banco Central que atingiu a nova classe C, que mantinha o setor aquecido”.

No fim do ano passado, o BC elevou o fator de risco para a concessão de crédito à pessoa física com prazo igual ou superior a 24 meses. Além disso, o BC elevou o compulsório dos bancos – o que faz com que eles sejam obrigados a ter maiores recursos de reserva para poder emprestar.

Com isso, a oferta de crédito tende a diminuir e os juros a aumentar. As medidas afetam, principalmente, linhas de crédito de financiamento de veículos. O aumento do compulsório e, por consequência, o encarecimento do crédito se dá nas seguintes situações de concessão de crédito para compra de veículos:

Prazo entre 24 e 36 meses: quando o valor da entrada for inferior a 20% do valor do bem.
Prazo entre 36 e 48 meses: quando o valor da entrada for inferior a 30% do valor do bem.
Prazo entre 48 e 60 meses: quando o valor da entrada for inferior a 40% do valor do bem.

Além disso, a queda esperada nas vendas também são reflexo de medidas adotadas pelas próprias concessionárias. “Temos também que considerar que as concessionárias entraram em janeiro com cerca de 50 mil veículos licenciados em dezembro por elas mesmas, para serem vendidos em janeiro, e que não entraram na estatística”, afirma.

Mercado de usados
Um dos destaques deste mês deve ser a vendas de usados. Nos primeiros quinze dias de janeiro, o mercado vendeu 3,2 usados para cada um veículo zero vendido, uma relação bem maior que a média histórica de 2 usados a cada um zero vendido. Fontes calcula que essa média deve se manter no fechamento do mês.

Do InfoMoney