Veja atira em genro de Lula e acerta em Serra
O mal de quem está desesperado é que comete erros, e a Veja nos brindou com nitroglicerina pura contra José Serra
A revista Veja tirou da gaveta um dossiê mofado, desses conseguidos no submundo do jornalismo, que já deveria ter pelo menos desde setembro de 2008, pois nesta época, durante as campanhas eleitorais de 2008, já houve vazamento, porém o alvo principal não era o genro de Lula, Marcelo Sato. O alvo era o candidato a prefeito de Blumenau, o deputado Décio Lima (PT/SC). Sato era apenas seu assessor parlamentar.
Como o dossiê era xinfrim, a Veja havia engavetado, à espera de conseguir algo mais convincente, ou para usar em momento de “entresafra”.
Mas a semana está fatal para os DEMos, com o último governador que restou do partido, José Roberto Arruda, atolado na corrupção do DF.
No outro front, a segunda fase da operação Castelo de Areia, atingiu em cheio o governo tucano de José Serra (PSDB/SP), aparecendo na documentação periciada, cifras em dólar encaminhadas ao Palácio dos Bandeirantes, ao homem forte do governador Serra Aloysio Nunes Ferreira, e outros tucanos de alta plumagem.
Então, diante desse quadro desesperador para demo-tucanos, a revista Veja, soltou o dossiê fraquinho (mas carregando nas tintas) contra o genro de Lula, para diluir as denúncias contra Arruda e Serra.
O mal de quem está desesperado é que comete erros, e a Veja nos brindou com nitroglicerina pura contra José Serra.
O foco da revista Veja foi um conhecido do genro do Presidente: João Quimio Nojiri, que teve prisão temporária decretada junto com outras 31 pessoas na Operação Influenza da Polícia Federal em junho do ano passado.
A Veja apresenta João Quimio Nojiri, como parte de uma quadrilha de empresários de Santa Catarina e de São Paulo apontados como responsáveis por desfalques milionários contra os cofres públicos.
Mas quem é afinal João Quimio Nojiri?
Ele é engenheiro e dono da empresa Básico Engenharia e Construções, uma das contratadas pelo governo tucano de São Paulo para aprofundar a calha do Rio Tietê, obra cuja finalidade é reduzir as desastrosas enchentes na marginal. É uma obra de anos e de custo bilionário.
Em 2003 a empresa ganhou outro serviço: elaborou para a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos estudo de viabilidade para tornar o Rio Tietê navegável na área urbana de São Paulo (era para ter 35Km de transporte urbano fluvial de passageiros em 2004, Ligando a Penha à Lapa, mas o choque de gestão demo-tucano não tirou do papel até hoje).
A partir de 2005 criou o Instituto Navega São Paulo, ONG que promove passeios de barcos no Rio Tietê para estudantes. No “site” do instituto aparece a logamarca da SABESP (empresa estatal de água e esgoto do governo de José Serra) sugerindo alguma parceria. No “site” da SABESP Nojiri é citado.
Ou seja, se João Quimio Nojiri é má companhia para o genro do Presidente, ele é má companhia para os tucanos de São Paulo, governado por José Serra, onde detém contratos bastante polpudos.
Se o modus operandi de Nojiri é tudo o que a Veja diz, como será a atuação dele junto ao governo paulista e à SABESP?
A verdade sobre a operação Influenza que a revista Veja escondeu
20/06/2008 – A Polícia Federal cumpre mandados de prisão de 24 pessoas, e busca e apreensão em Santa Catarina e São Paulo, após interceptação telefônica. O motivo era crimes financeiros cometidos a partir do Porto de Itajaí. O ex-superintendente do Porto de Itajaí Wilson Rebelo (ligado ao PMDB catarinense) seria o chefe de um dos esquemas.
Sócios da empresa Agrenco do Brasil S/A, que atua no comércio exterior de grãos, foram acusados de desvio de dinheiro usando notas frias de cargas que nunca existiram.
João Quimio Nojiri foi acusado de atuar ilegalmente em favor de Chico Ramos (sócio-controlador da Agrenco).
20/09/2008 – A imprensa divulga vazamento da investigação, divulgando que o genro Marcelo Sato e o deputado Décio Lima (PT/SC), não são alvos do inquérito, mas aparecem em diálogos com empresário sob suspeita (Chico Ramos). Era campanha eleitoral para a prefeitura de Blumenau, e o alvo da imprensa era Décio Lima, e não o genro Marcelo Sato, assessor parlamentar de Décio.
O deputado Décio Lima defende-se das acusações da imprensa, alegando que é função de deputado trazer investimentos (e empregos) para seu estado, por isso conversa e procura atender pleitos legítimos e legais, como os que Chico Ramos lhe fez.
É um argumento respeitável se as conversas foram republicanas. Uma empresa de biodiesel em Santa Catarina pedir para um processo que está para na ANP ser apreciado (sem favorecimento) não tem nada de errado. Todo cidadão deve reclamar ao seu representante político quando a administração pública é falha com ele.
Situação semelhante foi quanto a Varig estava quebrando. Todos do Rio Grande do Sul e do governo federal, de todos os partidos, fizeram o possível para tentar para salvá-la, sem que isso possa ser confundido com lobby no mau sentido.
17/3/2009 – MPF/SC denuncia 31 investigados na Operação Influenza. Nem o genro de Lula, nem o deputado Décio Lima foram denunciados.
João Quimio Nojiri estava entre os 31 denunciados.
17/06/2009 – A Justiça Federal (JF) rejeitou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra todas as 31 pessoas acusadas em função da denominada Operação Influenza. A juíza Ana Cristina Krämer, da 1ª Vara Federal Criminal de Florianópolis, considerou nulas todas as provas obtidas mediante interceptação telefônica, ainda que autorizada pela JF. Segundo a juíza, mesmo essas interceptações sofreram influência de uma interceptação autorizada ilegalmente por juiz do Estado de Santa Catarina e que acabou sendo anulada em decisão já definitiva.
A decisão também considera que não têm utilidade vários documentos apreendidos, mas preserva a validade de algumas provas. A investigação não foi anulada e pode prosseguir, “desde que produzidas novas provas independentes, desvinculadas das gravações decorrentes da interceptação telefônica ora anulada”, observou a juíza. Os bens e valores apreendidos devem ser liberados. O MPF denunciou 31 pessoas, supostamente envolvidas em crimes contra o sistema financeiro e fraudes no Porto de Itajaí. Cabe recurso.
Analisando, foi mais uma “reporcagem” da revista Veja
Quando a gente vota no presidente Lula, é em Lula que votamos, e não no genro, ou seja lá que parente for. Como o próprio Presidente diz, todos são iguais perante a lei, como qualquer brasileiro, e o único jeito de não ser incomodado pela Polícia Federal é andando na linha, dentro da lei.
Quem age fora da lei, que se entenda com a justiça. Por isso ninguém precisa defender nenhum parente de Lula, se não for honesto, nem passar a “mão na cabeça” de crimes, se fosse ou for verdade que houve algum crime.
Mas também não podemos cair nos golpes da Veja como um patinho. A revista é mestre em criar falsos escândalos.
A reportagem, se esmiuçada com atenção, percebe-se que mais confunde do que esclarece. Ele é feita para pré-condenar. A revista está se lixando para buscar a verdade factual. Não ajuda a esclarecer os fatos.
Se a revista teve acesso ao processo, ela pinçou meticulosamente apenas os trechos de diálogos que deixam mal o genro do Presidente. Um diálogo anterior não publicado pode esclarecer e mudar completamente o entendimento da história.
Além disso, a Polícia Federal e o Ministério Público investigou por mais de um ano até apresentar a denúncia em março de 2009, e não encontrou motivos para denunciar Marcelo Sato. A revista não explica o motivo. Se os diálogos provassem corrupção no contexto em que a revista afirma, o Ministério Público também estaria se corrompendo ao não denunciá-lo.
Por tudo isso, parece tratar-se de mais uma “reporcagem” da Veja, feita de má-fé, para tentar arranhar a imagem do presidente Lula, e para desviar a atenção da corrupção dos governadores Arruda e Serra.
Mal sabe a Veja, que os mandatos de busca e apreensão feitos na casa e empresas do empresário que ela demoniza, podem ter levado à novas investigações, e em breve pode levar à operação “Esgoto do Tietê”.
Do blog Os Amigos do Presidente Lula