Venda de motos deve atingir 2 milhões até dezembro
A venda de motos no Brasil deve recuperar o ritmo de antes do início da crise financeira em 2008 e voltar para a casa dos dois milhões de unidades. Nem mesmo as medidas macroprudenciais tomadas pelo governo desde o fim do ano passado, que reduziram o dinheiro disponível para crédito e elevaram a taxa de juro, foram suficientes para reverter a expansão do setor.
De acordo com o diretor-executivo da Abraciclo (entidade que reúne os fabricantes de motos e bicicletas), Moacyr Alberto Paes, as mudanças adotadas pelo governo federal ainda não foram sentidas. “O mercado está aquecido desde janeiro, e até o momento houve crescimento nas vendas das motos de 125 e 150 cilindradas, que são consumidas principalmente por pessoas das classes C e D”, disse.
Para Sérgio Reze, presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), apesar do ritmo positivo do segmento, o governo não tem feito sinalizações de que irá intensificar medidas de retenção do crédito, até porque, segundo ele, não há uma “explosão” de crescimento exclusivo do setor, “só estamos acompanhando a economia brasileira”, completou.
No acumulado de janeiro e maio, o setor emplacou 756.121 motos, volume 9,2% maior que o de 2010. No mês passado, foram emplacadas 195.307 unidades, alta de 12,4% em relação a abril. Na comparação com maio de 2010, a alta foi de 17,7%. Só a Honda, líder do mercado, projetou vender este ano 1,6 milhão de unidades, 11% mais do que em 2010. Para o primeiro semestre, a companhia prevê crescimento de 13%, ante o mesmo período no ano passado. Os reflexos das ações federais foram “suaves” para a Honda. “Temos um forte sistema de consórcios que acabou compensando algumas perdas”, disse Roberto Akiyama, diretor comercial da fabricante. A previsão é vender 770 mil neste semestre e 830 mil no segundo.
A Dafra, terceira fabricante em vendas no país, sofreu diminuição de 2% em abril por conta do aperto no crédito. “Sofremos uma baixa, mas estamos fechando este segundo trimestre no positivo”, afirmou Francisco Stefanelli, vice-presidente da companhia. A montadora, que também espera vendas superiores a dois milhões de unidades, irá fechar 2011 com investimentos de R$ 30 milhões na produção.
O desempenho positivo das vendas foi acompanhado por bons resultados na produção. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o avanço foi de 26,6% ante o mesmo período em 2010. Dados da Abraciclo de maio também indicaram uma alta de 14,1% na produção em comparação com o mês anterior. Com relação a maio do ano passado, o crescimento foi de 20%.
Do Valor Econômico