Venda de veículos se mantém no ritmo de março
Isso prova que a demanda continua atraída pela manutenção do IPI reduzido, estendido agora até o final de junho
O mercado de veículos continuou aquecido na primeira quinzena de abril, num ritmo muito semelhante ao de março. Isso prova que a demanda continua atraída pela manutenção do IPI reduzido, estendido agora até o final de junho.
A média diária de vendas no começo deste mês perde para a de março. Mas é a segunda maior desde outubro, quando surgiu a escassez de crédito. Na primeira quinzena de abril foram vendidas, em média, 11,3 mil unidades por dia. O volume médio foi de 12,5 mil em março, 11 mil em fevereiro e 9,4 mil em janeiro.
Os volumes deste mês mostram que não foi só a expectativa de que o IPI voltaria a subir, no final de março, que provocou uma corrida às concessionárias no mês passado. O ritmo de vendas se mantém constante mesmo com a decisão do governo de jogar para o final de junho a suspensão do incentivo.
Em razão dos feriados, em números absolutos abril deverá registrar desempenho inferior a março e a abril do ano passado. Mas as comparações entre os dias úteis mostram uma demanda aquecida. Na primeira quinzena, que teve dez dias úteis, foram licenciados no país 113,02 mil veículos novos. O volume é apenas 1,0% menor que o total dos dez primeiros dias úteis de abril de 2008 (114,1 mil unidades). A comparação com a primeira metade de março deste ano mostra números semelhantes. Na primeira metade do mês passado foram emplacados 114,4 mil veículos.
Há crescimento nas vendas acumuladas desde o início do ano. Em três meses e meio foram licenciados no país 781,2 mil veículos, o que representa um incremento de 1,01% em relação a igual período de 2008.
Apesar de muito animados com a postergação do benefício do IPI, que eliminou o tributo nos carros populares e o reduziu à metade nos veículos com motores entre 1.0 e 2.0, os executivos da indústria automobilística reconhecem que outros fatores têm ajudado a manter o mercado de veículos aquecido.
“O crédito voltou e o consumidor começou a ter acesso a isso”, diz o presidente da Ford Brasil, Marcos de Oliveira. O executivo afirma, ainda, que em quatro meses, desde o aperto no crédito, a participação do financiamento nas vendas de automóveis no país, subiu de 54% para 57%. Hoje o mercado trabalha com prazos de financiamento de veículos médios de 36 a 42 meses.
As instituições financeiras das montadoras também puderam contar, antes mesmo da redução do IPI, em dezembro, com um significativo volume de recursos liberados pelos governos federal e do Estados de São Paulo, por meio de Banco do Brasil e Nossa Caixa. Especialmente voltadas para o financiamento de veículos, essas linhas de crédito somaram R$ 8 bilhões.
“Quando a economia ficou travada, da noite para o dia, essas medidas permitiram que a indústria automobilística escapasse da crise”, disse esta semana o o vice-presidente do Banco Volkswagen, Décio Carbonari de Almeida.
Do Valor Econômico