Viagem|Passeio pela literatura

Festa literária internacional, em julho, reúne autores e leitores de todas as tribos e dá um toque multicultural ao charme de Paraty

Cultura
Durante a Flip, Paraty ganha
ainda mais charme. Os leitores estão em todos os lugares

Por Joás Ferreira de Oliveira

Paraty realiza este ano a sua quinta edição da Festa Literária Internacional (Flip). Uma legião de escritores e milhares de leitores, brasileiros e estrangeiros, forma uma grande roda de conversação que leva um clima multicultural à tradicional cidade histórica do litoral fluminense. Nas ruas de calçamento rústico e esquinas de casarões coloniais, o assunto que predomina durante esses dias é a literatura. A Flip já pode ser equiparada aos principais festivais literários realizados em países como Inglaterra, Canadá, Alemanha, Austrália, Escócia, entre outros.

“Seu reconhecimento se deu pela qualidade dos autores convidados, pelo entusiasmo do público e pela descontraída hospitalidade da cidade”, destaca Cristina Maseda, coordenadora de comunicação e do programa educativo da Associação Casa Azul, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que concebeu o evento e responde por sua realização. O objetivo, além de mostrar a verdadeira vocação da cidade para o turismo cultural, é fazer com que o evento se enraíze cada vez mais em Paraty, envolvendo a comunidade.

A Associação Casa Azul acredita que a Flip não é um evento de apenas cinco dias, mas um movimento cultural que mexe com a cidade durante o ano todo. Exemplo disso é o surgimento de um programa educativo que prevê a capacitação de educadores das escolas municipais e estaduais objetivando, principalmente, incentivar o hábito da leitura.

A cidade recebe, durante a Flip, cerca de 12 mil pessoas, das quais se calcula que duas em cada dez são estrangeiras. O evento propicia o desenvolvimento sustentável local e imprime uma ação positiva à economia da cidade, com impacto social e cultural. A população e a comunidade econômica em geral já vêem a Flip (que é realizada no período de baixa temporada, em pleno inverno) como o mais importante evento turístico da cidade, superando em resultados econômicos até os principais apelos da alta temporada, que são o Carnaval e o Réveillon.

Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Paraty (Acip), Carlos José Gama Miranda, a Flip é um movimento cultural de altíssimo nível que traz turismo de qualidade: “Antes, a cidade não tinha nada no período em que a Flip é realizada. Depois, passou a ter um balão de oxigênio para suportar os efeitos da queda de negócios decorrentes da baixa temporada. A festa divulga o nome da cidade para o Brasil e o mundo e deixa reflexos favoráveis para o restante do ano”.

Eventos paralelos

Além das atividades principais, a Flip possibilitou e incentivou o surgimento de eventos paralelos que envolvem escolas, professores, alunos e a comunidade social e comercial de Paraty. A Flipinha, para as crianças, é uma daquelas iniciativas que crescem expressivamente a cada ano. Nela se apresentam os resultados do programa educativo realizado durante todo o ano com as escolas do município.

O tema deste ano é educação patrimonial, no qual 13 escolas escolheram um bem de Paraty para ser pesquisado, estudado e sugerido como patrimônio cultural e histórico. Entre esses bens, já se sabe que uma das escolas está pesquisando o manuê de bacia, doce típico da região feito com farinha de trigo e melado de cana-de-açúcar. O resultado final do programa de educação patrimonial será resumido em apresentações artísticas e instalações que serão desenvolvidas durante a próxima Flipinha.

Outro evento paralelo que ganhou força é a chamada Off-Flip