Viagem|Templo da bola

Museu em pleno estádio do Maracanã guarda lances inesquecíveis, que merecem ser vistos até por quem não é apaixonado por futebol
Por Vitor Nuzzi

    Passado e presente
A entrada do museu tem arquitetura futurista. Dentro, relíquias como o uniforme completo de Garrincha na seleção

O samba carioca, do modo como o conhecemos atualmente,

Inaugurado em 11 de dezembro do ano passado, o Museu
do Futebol tem piso verde, para dar a sensação de gramado, e está
instalado no lugar certo: dentro do estádio do Maracanã, na zona norte
do Rio de Janeiro. Tem para todos os gostos. Quer dizer, principalmente
se seu time for do Rio.

Logo na entrada foram montados painéis para contar a história dos 100 anos de
campeonato carioca, completados em 2006. Ali você fica sabendo, por
exemplo, que existiu o Sport Club Mangueira, que não tem nada a ver com
a famosa escola de samba carioca. Realmente, nem poderia: primeiro,
porque o clube foi fechado antes que a verde-e-rosa começasse a
desfilar, alguns anos mais tarde. Segundo, porque, ao contrário do
glorioso reduto de Cartola e companhia, o time de futebol foi um dos
grandes sacos de pancada da história. Em seus curtos 16 anos de vida,
obteve 14 vitórias – menos de uma por ano. Empatou oito vezes e sofreu
96 derrotas, incluindo uma por 24 a 0 para o Botafogo, atual campeão
estadual.

A grande estrela do
acervo, dividido em oito setores, é a seleção brasileira. No museu são
narradas as conquistas do, como se dizia antigamente, escrete
canarinho. Curiosamente, dos arquivos de jornal sobre as Copas do
Mundo, que podem ser consultados pelo público, não consta a notícia da
derrota da seleção em julho de 1950, para o Uruguai, em pleno Maracanã,
construído para aquela Copa. Esquecimento? Seja como for, ali estão
reunidas informações sobre os 18 Mundiais disputados até hoje, desde
1930, cinco dos quais vencidos pelo Brasil. Embora poucos, talvez,
queiram lembrar do mais recente, ano passado, na Alemanha.

Nas
extremidades de uma das salas, ficam as jóias da coroa: as chuteiras, a
camisa e o calção usados por Mané Garrincha na Copa de 1962, disputada
no Chile, quando o Brasil conquistou o bicampeonato mundial. Em
contraste com a espartana chuteira de Garrincha, bem perto estão
modelos ultramodernos, como a Predator usada pelo astro Kaká, jogador
do Milan e da seleção.

Também
está ali a homenagem ao lance que deu origem à expressão gol de placa,
feito por Pelé no Maracanã, em 5 de março de 1961. O Santos vencia o
Fluminense por 1 a 0 quando, aos 40 minutos do primeiro tempo, Pelé
recebeu a bola na meia-lua de sua área e atravessou o campo
conduzindo-a sem tomar conhecimento dos adversários nem do goleiro
Castilho. A homenagem ao lance foi feita pelo jornal paulistano O
Esporte, idéia de seu então repórter Joelmir Beting, que fazia a
cobertura do jogo e, ao voltar para São Paulo, encomendou e bancou do
próprio bolso a placa. No museu, repousa ainda a rede para onde Pelé
mandou a bola ao marcar seu milésimo gol, em 1969, cobrando pênalti
contra o Vasco da Gama, para desespero do goleiro Andrada, que chegou a
tocar na bola – e, com raiva, socou o chão.

O
visitante vai encontrar ainda depoimentos, vídeos, objetos, narrações,
fotografias e informações sobre as origens e regras do esporte no
Brasil e no mundo. Também pode se aventurar a jogar futebol de mesa ou
pebolim – totó, para os cariocas. Alguns erros de informação
verificados por um especialista levado pelo site GloboEsporte.com
seriam corrigidos ainda em janeiro, segundo os responsáveis pelo museu.


uma galeria em que são homenageados 120 dos mais conhecidos jogadores
brasileiros. No final, f