Vigilância ideológica: Bolsonaro comemora interrupção suspeita dos testes da Coronavac pela Anvisa

Diante de uma pandemia que já tirou a vida de mais de 162 mil brasileiros, o presidente Jair Bolsonaro, mais uma vez chocou o mundo ao comemorar em suas redes sociais a suspensão dos testes da Coronavac "mais uma que Jair Bolsonaro ganha", escreveu.

Foto: Divulgação

A vacina contra a Covid-19 é desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo do estado de São Paulo.

Na noite da última segunda-feira, 9, a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) mandou suspender os testes clínicos com voluntários após o que chamou de “evento adverso grave”, ocorrido no dia 29 de outubro. Na tarde de ontem o IML (Instituto Médico Legal) divulgou que o homem de 32 anos, que participava dos testes como voluntário, cometeu suicídio. Portanto, sua morte não teria nenhuma relação com a vacina. 

“Como pode um presidente comemorar uma morte e a suspensão de uma vacina esperada pelo mundo todo?”
Moisés Selerges

“São muitas as questões que nos deixam estarrecidos diante dessas notícias. Cabe perguntar por que a Anvisa teria suspendido a vacina se sabia que a causa da morte não tinha nada a ver com a vacina? Como pode um presidente comemorar uma morte e a suspensão de uma vacina esperada pelo mundo todo? Bolsonaro comemorou a suspensão como um moleque em briga de rua. Podemos confiar na independência das instituições ou estaria a Anvisa fazendo vigilância ideológica ao invés de sanitária”, questionou o secretário-geral do Sindicato, Moisés Selerges.

O dirigente lembrou que há uma politização em relação à fabricação e distribuição da vacina. “A rixa de Bolsonaro com o governador de São Paulo, João Doria e seu constante desprezo pela China podem custar a vida de muitos brasileiros. É de uma irresponsabilidade absurda o que está acontecendo no nosso país”.

Presidente da Anvisa é aliado de Bolsonaro

O médico e contra-almirante Antonio Barra Torres, hoje diretor-presidente da Anvisa ganhou projeção ao acompanhar o presidente em manifestações favoráveis ao governo em março, contrariando inclusive recomendações do Ministério da Saúde e incentivando a aglomerações.