Violência tem origem no ódio da direita

Os assassinatos de um dirigente sindical no Rio Grande do Sul no começo de outubro e de três líderes sem-terra no último final de semana, e a violência de bate paus contra sindicalistas na porta de uma fábrica em Belo Horizonte na sexta-feira passada, são ações articuladas contra os avanços dos movimentos sociais e dos trabalhadores. A opinião é do presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo. Para ele, esse tipo de ataque aos trabalhadores tende a se agravar até as eleições do ano que vem.

O que levou a essa situação de violência  em tão pouco tempo?
A direita e a elite não se conformam com o fato de um trabalhador governar o Brasil. Então, os atos de violência são também um recado duro aos movimentos sociais e sindical dos quais o presidente saiu. É um recado para a gente se conformar em ser apenas trabalhadores e não acharmos que trabalhador pode governar o Brasil.

Os ataques têm a ver com a crise política?
As duas coisas têm a mesma origem. A elite e a direita buscam artificializar a crise com acusações que não se provam, por notícias na imprensa muitas vezes requentadas outras vezes falsas, e se movem pelo ódio de classe que nutrem contra o governo Lula. É um recado duro da extrema direta dando prática ao discurso do senador Jorge Bornhausen (PFL), quando afirmou que eles querem se ver livres dessa raça pelos próximos 30 anos. Essa raça somos nós. O mesmo recado alimenta uma crise que estaria por si só esgotada e estimula uma onda de violência contra os trabalhadores e os movimentos sociais.

Há relação também com os resultados positivos das campanhas salariais?
Influi o fato dos sindicatos aproveitarem o período de crescimento econômico e de geração de emprego que o governo Lula produziu. Nas últimas campanhas não só recuperamos a inflação como também ampliamos o poder de compra conquistando aumentos reais e melhores PLRs. Está implícito que uma parte da elite não quer que estejamos no governo e não quer nos ver dividindo a riqueza que produzimos.

Podemos ter novos episódios de violência?
Acredito que os ataques vão se agravar até as eleições do ano que vem. Vimos o endurecimento de algumas empresas nas greves, inclusive em nossa categoria. Dependendo do resultado eleitoral do ano que vem, temos de nos preparar para um período de ataque brutal aos nossos direitos e às nossas conquistas.

Os trabalhadores podem reagir?
Podem ao reconhecer e enfrentar o problema, lutando contra essa tentativa de massacre. Não podemos desistir de nossas bandeiras e temos de continuar fazendo as lutas e as campanhas salariais. Não podemos abrir mão das disputas para não permitir retrocesso nas nossas conquistas.