Visibilidade Trans: Inserção no mercado de trabalho ainda é grande desafio para essa população
Levantamento aponta que apenas 15% tinham emprego formal
O dia da visibilidade trans foi celebrado na última segunda-feira, 29. A data teve origem em 2004 quando representantes desse segmento levantaram suas vozes, pautas e demandas no Congresso Nacional e reivindicaram direitos.
Apesar de alguns avanços durante os governos progressistas, o quadro em relação ao respeito na sociedade, à inserção no mercado de trabalho e, em especial à violência sofrida por essa população ainda é grave.
A CSE na Mercedes e membro do Coletivo da Juventude Metalúrgica, Priscila Zambelo Rozas, destacou a relevância da data. “O dia da visibilidade trans é importante para lembrarmos desse grupo de pessoas que tem o seu direito cerceado dia após dia. É uma realidade muito cruel e pessoal, porque ninguém morre somente por ser hétero, ninguém é expulso de casa ou deixa de conquistar um trabalho por ser heterossexual”.
Dados recentes levantados pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), com base em pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), retratam, por exemplo, que a expectativa de vida para pessoas trans é de 35 anos e que 72% não possuem ensino médio completo. Outro ponto alarmante da pesquisa, levando em conta a subnotificação e falta de dados absolutos, é que cerca de 90% se submetem à prostituição para ter renda.
O mercado de trabalho ainda é um grande desafio a ser transposto. Levantamento da ONG Transvida, publicado em dezembro de 2022, mostra que apenas 15% tinham um trabalho formal com carteira assinada. Outros 15,6% eram autônomos e 27%, informais.
Para a integrante do Coletivo, é papel do Sindicato cobrar ações afirmativas que, de fato, incluam as pessoas trans. “Um sindicato como o nosso não pode aceitar essa realidade. Temos que propor e cobrar ações afirmativas para que elas sejam inseridas no mercado de trabalho formal, com direitos. É imprescindível que possam conquistar o seu imóvel através do FGTS, ter uma vida digna e decente. Precisamos cobrar dos patrões e dos governos essas ações”.
Violência
Dados do Grupo Gay da Bahia apontaram que, em 2023, o Brasil se manteve na liderança de países que mais matam LGBTQIA+ em geral. É também o país mais transfóbico do mundo. Em 2023 foram 257 assassinatos. Desse total, 127 foram pessoas trans (travestis e transgêneros), 118 homens gays, nove lésbicas e três pessoas bissexuais.
No recorte específico de pessoas trans, um dossiê publicado pela Antra, confirma essa tendência. Desde 2017, quando a entidade passou a fazer levantamentos da violência, foram 1.057 assassinatos de pessoas trans, travestis e pessoas não binárias brasileiras.
Outro dado que chama a atenção é que do total mortes desde 2017, a grande maioria (78,7%) das vítimas eram negras.