Volks: 245 mil trabalhadores ameaçados pelas demissões

As demissões anunciadas pela Volks afetarão perto de 245 mil trabalhadores
se considerados todos os 27 setores envolvidos na produção de um carro. Segundo o anúncio da empresa, na Anchieta um em cada dois trabalhadores na produção será demitido. Na última sexta-feira representantes das cinco fábricas da montadora no País se reuniram em São Bernardo e ontem começou reunião do Comitê Mundial dos Trabalhadores. Nos dois encontros, a proposta é de resistência unitária às demissões.

Luta unitária contra demissões

Representantes do Comitê Nacional dos Trabalhadores na Volks, que na última sexa-feira decidiram resistir e maneira unitária às demissões, estão desde ontem na Alemanha para definir com o Comitê Mundial formas de enfrentar o plano de reestruturação anunciado pela empresa, que prevê 5.773 demissões somente no Brasil.

“Estamos levando propostas de luta”, disse o presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, depois do encontro entre representantes das cinco fábricas no Brasil.

Para Feijóo, o Sindicato não pode se recusar a negociar com a empresa, mas avisou que a entidade não vai negociar direitos e demissões.

“Temos de exigir que a Volks reverta as demissões e a intenção de flexibilizar e precarizar direitos para depois conversarmos”, disse Feijóo.

Ele comentou que o plano de reestruturação afeta os trabalhadores na Volks no mundo todo. Só na Alemarenha seriam demitidos 20 mil metalúrgicos.

“Vamos debater no Comitê Mundial como resistir a esse ataque. Nós temos propostas de luta”, afirmou o presidente do Sindicato de Taubaté, Valmir Marques, o Biro-Biro.

Ele disse que a greve é uma possibilidade concreta, mas no seu tempo certo. “A segurança dos trabalhadores é a mobilização e a luta”, lembrou o dirigente.

Assembléias em todas as fábricas

Companheiros nas cinco fábricas na Volks no Brasil participaram ontem de assembléias informativas sobre a luta unitária contra as demissões.

Como o plano de reestruturação atinge a todas as fábricas, a resistência será de todos os trabalhadores. Se a Volks imprimir negociações separadas, os metalúrgicos saem perdendo.

Nas assembléias, os sindicatos lembraram que a resistência já começou e que a palavra de ordem é não fazer hora extra para não aumentar os estoques da fábrica.

Se as horas extras continuarem, significa que os trabalhadores estão concordando com as demissões, que aqui na Anchieta vai cortar a cabeça de metade dos companheiros na produção.

Diga não às horas extras! Se o chefe pressionar, denuncie à Comissão de Fábrica!

245 mil podem perder emprego

O plano da Volks é uma ameaça social. Como cada emprego na montadora corresponde a 47 empregos na cadeia produtiva, chega a 245 mil o total de trabalhadores a serem afetados pelas demissões. Considerando os seus familiares, esse número chega a 660 mil pessoas.

Os números estão no manifesto divulgado na última sexta-feira pelo Comitê Nacional, que reúne representantes das cinco fábricas no País. No manifesto, o Comitê repudia as demissões, dizendo que elas representam um retrocesso econômico e social.

O manifesto diz que os trabalhadores não podem mais sofrer os resultados de crises pelas quais não têm a menor responsabilidade. “Queremos o direito de trabalhar em paz, com dignidade e respeito. Nossa luta é pelo desenvolvimento e por justiça”, conclui o manifesto.

Pelos números anunciados, só aqui na Anchieta de cada dois trabalhadores na produção, um vai perder o emprego. “O pessoal deve pensar nisso na hora de fazer hora extra”, avisou Feijóo.