Volks anuncia parada na produção por 12 dias; Mercedes e Scania devem anunciar paradas hoje

Após negociação com os Metalúrgicos do ABC, a Volks anunciou a paralisação da produção em todas as suas plantas no País do dia 24 de março até 4 de abril. A decisão veio depois da terceira reunião com representantes da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), na qual o Sindicato reforçou a necessidade urgente de paralisação das fábricas devido ao avanço da pandemia, que só na região do ABC já matou mais de 5 mil pessoas e infectou mais de 146 mil.

De acordo com o presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, não houve acordo para a paralisação imediata de todas as empresas, mas a entidade patronal disse que vai orientar seus associados a abrir negociação com os sindicatos responsáveis de cada planta produtiva, para discutir a situação e a possibilidade de parada, caso a caso. 

“Nossa preocupação principal é a vida, infelizmente não conseguimos uma decisão geral que servisse a todas às montadoras, mas procuramos a Volks e conseguimos essa paralisação nas quatro plantas”, afirmou.

“Essa negociação já teve um resultado muito importante para que os trabalhadores tenham condições de se proteger e proteger as suas famílias. Com as outras montadoras na base, Mercedes, Scania e Toyota, seguimos conversando com o mesmo intuito”, detalhou.

SUS regional

O presidente relatou também que a Anfavea concordou com a reivindicação do Sindicato para que as empresas do setor automotivo adquiram vacinas e insumos para doação ao SUS (Sistema Único de Saúde).

“Conversei com o prefeito de Santo André e presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Paulo Serra, e definimos uma reunião com a Anfavea para acertar os detalhes”. A reunião deve ocorrer nesta semana.

Luta em todas as esferas

Na semana passada representantes da CUT, da IndustriALL-Brasil e do Sindicato estiveram em Brasília reunidos com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, para apresentar as propostas dos trabalhadores e cobrar medidas emergenciais diante do agravamento da pandemia de Covid-19.

Também estiveram com o governador de São Paulo, João Doria, e apresentaram a ele a carta entregue à Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e ao Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), com a proposta de “Acordo Marco Emergencial em Defesa da Vida e do Trabalho”.

Na pauta estão a defesa do isolamento social, com programas de proteção ao emprego e renda; a compra de vacinas pelas empresas para doação ao SUS, em um primeiro momento; apoio privado ao sistema público de saúde; reconversão industrial e crédito para as empresas da cadeia produtiva das montadoras.

Isolamento e vacina

“Estamos trabalhando nas duas frentes: isolamento social, já que não há vacinação em massa no país, e a defesa da compra do máximo de vacina possível para aliviar o SUS e contribuir para que mais pessoas sejam vacinadas e protegidas.”

“Para promover o isolamento, é preciso o programa de proteção ao emprego e à renda que dê suporte às pequenas e médias empresas. E para os trabalhadores informais a nossa defesa é pelo auxílio emergencial de R$ 600 para que consigam se manter em casa. Esse valor vai voltar para a economia, trabalhador vai gastar no mercado, na farmácia, na compra do gás”, concluiu Wagnão.

Feriados antecipados

Após a negativa do governo do Estado de decretar lockdown, o Consórcio Intermunicipal Grande ABC, que reúne as prefeituras da região, decidiu na tarde de ontem antecipar quatro feriados, entre segunda e quinta, para aumentar o isolamento social.

Com dois fins de semana e a Paixão de Cristo, o feriado prolongado vai de sábado, dia 27, até domingo de Páscoa, 4 de abril. As restrições ainda vão ser regulamentadas por decretos municipais.