Volks, cadê nossa grana?

Gritando palavras de ordem como Volks sacana, cadê minha grana e ário, ário, ário, quero meu salário, os companheiros da Volks saíram ontem em passeata da fábrica até a Igreja Matriz de São Bernardo. Eles exigem que a fábrica cumpra a ordem da Justiça do Trabalho de pagar os dias da greve e a PLR.

Milhares de trabalhadores na Volks realizaram ontem passeata entre a fábrica e a Praça da Matriz de São Bernardo exigindo que a multinacional cumpra a lei e pague a PLR e os dias da greve.

A caminhada de protesto começou às 8 horas, com o pessoal ocupando a Via Anchieta sentido centro com palavras de ordem como “Volks, sacana, cadê a minha grana”, “Ário, ário, ário, quero meu salário”.

Pelo caminhão de som, os oradores denunciavam à população o desrespeito da Volks, que não acatou decisão do Tribunal Regional do Trabalho.

Sem salário, o trabalhador não têm condições de honrar compromissos, de abastecer a casa, de ser consumidor ou mesmo de planejar um Natal decente.

“Estamos reivindicando o pagamento daquilo que é nosso. Um dos direitos de quem vende a mão-de-obra é receber no dia certo”, lembrou Valdir Freire, o Chalita, da Comissão de Fábrica.

Quando a caminhada chegou na Rua Marechal Deodoro, os trabalhadores foram passando em frente as lojas e avisando que as prestações estavam atrasadas.

Quando passavam em frente das agências bancárias lembravam dos empréstimos feitos para saldar dívidas. “Toda a cidade sai perdendo”, protestou Chalita.

Imprensa poupa a montadora

Na Praça foi realizado ato de protesto, quando diretores do Sindicato parabenizaram a companheirada pela participação na caminhada.

“A luta é o caminho e, se abaixarmos a cabeça, a derrota é certa”, avisou Sérgio Nobre. Ele fez uma análise crítica da grande imprensa, avisando que não leu matérias dizendo que a Volks não cumpre a lei.

“Se fosse o trabalhador que estivesse desrespeitando uma decisão judicial, a polícia já estaria reprimindo e a imprensa chamaria a gente de baderneiro”, comparou.

No final, os trabalhadores foram avisados que o Tribunal Superior do Trabalho deve julgar nesta semana se concede ou não o efeito suspensivo da sentença do TRT, conforme pediu a Volks.

Pedida prisão do presidente da fábrica

O Sindicato pediu ontem ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT-SP) que expeça mandado de prisão contra Hanz Cristhian Maergener, presidente da Volkswagen do Brasil, em virtude da retenção dolosa dos salários. O crime está previsto no artigo 7º da Constituição.

O Sindicato também requereu que sejam tomadas todas as providências necessárias para o cumprimento da obrigação, especialmente o pagamento dos dias parados.

Para isso, pode ocorrer a penhora de todas as contas correntes bancárias da montadora.

Depoimentos de quem está no aperto

“Já fiz dois empréstimos para poder cobrir as despesas do mês e agora o dinheiro está acabando”.
Vicente, montador na Ala 14, casado, sem filhos.

“Estou me virando. Emprestei dinheiro de amigos e também levantei algum no banco”,
Tonho, operador de empilhadeira na Ala 2, casado, dois filhos.

“Estava usando o dinheiro que tinha na poupança e que agora está acabando. Se apertar, parto para o empréstimo”.
Donizete, operador de máquinas na usinagem.

“Voltei de férias na semana passada e vou ficar apertado no próximo pagamento. Não tenho poupança e a saída será fazer empréstimo”.
Badu, montador na Ala 14.

Volks impede trabalho de jornalistas do Sindicato

A repórter fotográfica Raquel Camargo e a assessora de imprensa Krishma Carreira foram impedidas pelos seguranças da Volks de entrar no pátio externo da montadora, ontem pela manhã, para acompanhar o ato de protesto.

Durante mais de 40 minutos elas ouviram dos seguranças que era p