Volks ganha mais dois anos para produzir Kombi e Gol

Wagnão durante assembleia neste terça a tarde, dia 10, no pátio da Volks

Em assembleia na tarde de ontem no pátio da Volkswagen, em São Bernardo, o secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, avisou que na próxima semana o governo divulgará uma medida provisória (MP) com regras para os próximos dois anos que permite que os veículos Kombi e Gol G4 continuem na linha de produção da montadora.

A ação não será apenas para a Volks, mas atingirá também as demais montadoras no País. “O que deve ser proposto é que estas regras sejam realizadas de forma progressiva para que haja, em breve, um índice maior de carros produzidos com Airbags e sistema ABS, ambos estabelecidos pelas normas de segurança nacional”, explicou Wagnão.

“Se hoje o mercado oferece Airbags e ABS em 60% dos veículos, em 2014 deverá ser 70% e em 2015 um outro índice ainda maior. A partir de janeiro de 2016, todos os carros deverão conter as condições exigidas por lei”, prosseguiu.

Segundo o dirigente, na prática, isso significa que a categoria ganhou estes dois anos para fazer a transição para que a Kombi e o Gol tenham essas normas de segurança, sem necessidade de discutir demissões com trabalhadores excedentes no chão de fábrica.

Leia abaixo entrevista com Wagnão

Tribuna Metalúrgica – Como esta medida provisória foi articulada?
Wagnão –
Na semana passada, quando a presidente Dilma acompanhou a cerimônia do título de doutor honoris causa recebido por Lula na Universidade Federal do ABC, a UFABC, o presidente do Sindicato, Rafael Marques, e o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, aproveitaram para conversar com ela e falar do problema vivido pelos companheiros em nossa base.

Nós citamos as quatro mil demissões que poderiam ocorrer no início do ano na Volks e em autopeças pelo fim da produção da Kombi e do Gol G4. Após ouvir, Dilma aceitou fazer a discussão e abriu uma oportunidade para que a conversa fosse possível.

TM – E como seguiu este diálogo?
Wagnão –
As tratativas culminaram na última segunda-feira, dia 9, em uma reunião entre o governo federal e o Sindicato Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, a Sinfavea, que é o sindicato das montadoras. Era necessário viabilizar um acordo para que tivesse uma medida que beneficiasse todas as partes interessadas.

TM – Qual a importância desta ação?
Wagnão –
Tudo isso foi importante especialmente no caso da Volks, pois teríamos agora no mês de dezembro o encerramento de dois produtos, a Kombi e o Gol G4, que ocupam muita mão de obra e trabalhadores. A solução foi conseguir um prazo maior, o que alivia a pressão interna por saída de trabalhadores. Para o Sindicato é extremamente significativo que o governo se moveu em relação a isso, dando alternativas para dar um Natal mais tranquilo à companheirada.

TM – O Sindicato está confiante com as negociações?
Wagnão –
Nunca tivemos um processo de negociação tão avançado com o governo e empresários como este.  A nossa maior questão é com relação a Kombi, que não tem substituto. O Gol G4 pode até ser suprido por um modelo mais atual, como o G5, ou um automóvel de outra marca, mas em relação a Kombi não há esta possibilidade. Não existe produto similar em outras empresas, seria de fato uma grande perda de mercado e que afetaria diretamente os empregos em toda a região.

Da Redação