Volks: Parada foi na ferramentaria

Com duas horas de parada no final do primeiro turno e paralisação durante todo o segundo turno, a greve caixinha de surpresa chegou ontem aos cerca de 800 companheiros na ferramentaria.

Além de contratação de mais trabalhadores, o pessoal luta contra a depreciação do setor.

Um dos problemas é que muitos trabalhadores vão se aposentando e as vagas são fechadas. Há tempo que os ferramenteiros querem o aproveitamento da garotada do Senai, já que a maior parte está indo para as linhas de produção.

Segurança

Durante assembléia na ferramentaria, o coordenador da Comissão de Fábrica, Valdir Dias Freire, o Chalita, voltou a destacar a contratação dos 250 bates paus (conhecidos com homens de preto) como um grave problema.

“É o primeiro indício de terceirização na segurança patrimonial”, denunciou Chalita, salientando que homens de preto já estão em algumas portarias fazendo o trabalho antes reservado ao pessoal da segurança.

A greve caixinha de surpresa foi desencadeada na sexta-feira passada depois da negativa da empresa em contratar mais trabalhadores. A reivindicação decorre do acelerado ritmo e volume de produção.

Segundo Chalita, os trabalhadores que já participaram do movimento, como na estamparia, logística, montagem final e ferramentaria, estão de parabéns pela união e solidariedade.

“É uma demonstração de comprometimento com a luta”.

Fábrica aumenta repressão

A Volkswagen distribuiu ontem um comunicado aos trabalhadores onde, mais uma vez, prova que sua tática é a mesma usada pela ditadura militar: espalhar o medo e intimidar.

O comunicado tem uma artimanha, aliás, muito usada pela polícia da repressão brasileira, que é a de desqualificar a luta e tentar dividir os trabalhadores, colocando em dúvida quais são os objetivos de sua representação sindical.

A luta na Volks é por contratações. Os motivos? Todos os companheiros da fábrica estão cansados de saber: o ritmo de produção nas linhas está tão acelerado que muitos trabalhadores já demonstram sinais de estresse, estafa, cansaço. O risco que a montadora ignora é o de que comecem a ser registrados graves acidentes de trabalho.

Impropriedade, como a Volks qualifica a reivindicação, é não levar em consideração a vida do trabalhador.

Atuações impensadas, intransigentes e até inconseqüentes, como a fábrica considera a luta, são as que ela toma quando diz que “é prerrogativa da empresa decidir se vai ou não fazer manutenção nas máquinas”. Só que o risco de ter um dedo decepado ou sofrer um acidente mais grave é do trabalhador.

No comunicado, a Volks também acusa a representação de intransigente, porém o Sindicato e a Comissão de Fábrica querem a negociação, não só da atual reivindicação, mas sim de todos os 35 pontos pendentes, que a fábrica simplesmente abandonou.