Volks: só resistência muda o jogo
Sindicato e Comissão de Fábrica voltam a reafirmar que a melhor resposta dos trabalhadores é a união, já que um em cada dois empregos na produção está ameaçado.
“As horas extras têm de acabar na Anchieta” – Apesar do chamamento do Sindicato para um movimento de resistência contra as demissões que começa com a não realização de horas extras na Volks, um grupo de trabalhadores esteve na montagem final no sábado e domingo e entregou 193 veículos recuperados. Outros setores da fábrica também funcionaram.
“Não vamos admitir esse tipo de comportamento. O problema é grande e será tratadode maneira coletiva, e não vamos permitir que um grupo de trabalhadores prejudique a maioria”, avisou o vice-presidente do Sindicato, Francisco Duarte de Lima, o Alemão.
“O acordo garante nosso emprego até novembro e a Volks já avisou que antes de terminar o ano quer demitir em massa. Em dois anos serão 3.672 cortes aqui na Anchieta”, disse.
Para ele, parece que uma parcela da companheirada ainda não se deu conta do tamanho do problema, que deverá custar o emprego de um em cada dois trabalhadores da produção.
Alemão alerta que a realização de horas-extras significa estoque para a Volks e o enfraquecimento da luta.”Uma das forças do movimento de resistência é nossa união, e ela será preservada a todo custo”, disse Alemão.
Ele lembrou que a Volks, além de demitir, quer terceirizar todas as áreas que não estão ligadas à produção, com redução de benefícios e salários e mais desemprego.
O vice-presidente do Sindicato salientou que nas outras quatro fábricas do Brasil a orientação é também não fazer hora extra.
“Decidimos por ações unitárias e todos os metalúrgicos são responsáveis pelo que vier a acontecer”, destacou Alemão.
Pessoal nas outras plantas dão exemplo
“Aqui em Curitiba conseguimos acabar com a prática das horas extras”, garantiu ontem Jamil Davila, secretário do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba.
Ele comentou que em Curitiba o movimento está forte. “Uma das nossas armas é manter baixo o estoque da fábrica”, disse ele. A companheirada em Taubaté também está participando ativamente do movimento contra as horas extras. Lá, o estoque não existe.
Na fábrica da Anchieta, a Comissão de Fábrica vai intensificar a campanha contra as horas extras. “Metade dos companheiros na produção está ameaçada de perder o emprego, e isso não podemos permitir”, concluiu Alemão.