Volkswagen diz que vive melhor ano de sua história no Brasil
“Vai ser o maior ano da história da Volkswagen do Brasil”, declarou o presidente da filial da montadora, Thomas Schmall, ao adiantar um balanço de 2012. As vendas, de janeiro até outubro, passaram de 635 mil unidades, volume 11% maior que em igual período do ano passado.
A fabricante já comemora o 26º ano consecutivo do Gol como o carro mais vendido do Brasil, estima que fechará o ano com 850 mil unidades produzidas, superando o recorde de 2011, e também chega à marca de 3 milhões de unidades exportadas desde 1970.
Em 2013, quando vai completar 60 anos no país, o principal foco de investimento da Volkswagen será em produtos, destacou Schmall. O Brasil é o segundo maior mercado da marca VW no mundo, atrás apenas da China, e o terceiro para o Grupo Volkswagen (que inclui marcas como a Audi). Até 2016, a montadora pretende investir R$ 8,7 bilhões no país.
Mas o executivo alemão não quis adiantar que novidades chegarão às lojas no ano que vem. “Não vou confirmar nenhuma fábrica com [novo] produto hoje”, disse, ao ser perguntado sobre a produção do novo compacto esperado para 2013 ou 2014, que deverá se basear no Up!, lançado no ano passado na Europa.
Mais modelos de entrada
Schmall, no entanto, reafirmou que a montadora pretende aumentar a oferta de modelos de entrada, os carros mais baratos. Mas disse que ainda não está certo se, para isso, usará apenas uma fábrica ou se serão necessárias duas. “Depende do mercado”, respondeu, referindo-se ao volume de vendas.
Apesar de a Volkswagen não confirmar, Taubaté, no interior de SP, é uma das fábricas cotadas para receber o futuro compacto, pois tem recebido constantes investimentos da montadora. Foi lá que, em 2011, ao anunciar uma nova área de pintura para essa unidade, Schmall declarou que a VW pretendia fazer um carro no Brasil com preço inferior ao do Gol G4 (Geração 4, anterior à do Novo Gol, atualmente o carro mais barato da VW no país).
Com a área de pintura modernizada, que o executivo descreve como a mais avançada da montadora no Brasil, Taubaté terá a capacidade de produção aumentada de 1.000 para 1.300 carros por dia. Ela poderá “até ser duplicada”, disse Schmall, sempre ponderando: “se o mercado pedir”. Lá são produzidos atualmente o Voyage e o Novo Gol.
Gol em primeiro
Até o último dia 27, o Gol teve emplacadas 260,7 mil unidades neste ano, considerando as vendas do G4 e do Novo Gol, segundo a fabricante. Assim, ele segue no topo do ranking de vendas com certa tranquilidade, com 26,8 mil unidades de vantagem sobre o Fiat Uno, vice-líder, ainda de acordo com a VW. O número de vendas do Uno considera o Novo Uno e o Mille. “O Novo Gol, sozinho, tem a mesma participação de mercado que o segundo colocado com dois modelos”, disse Schmall. O Gol também é o modelo mais exportado do Brasil, correspondendo a um terço das vendas da marca para o exterior. Ele chegou a 66 países.
Taigun e Kombi
Schmall também não deu detalhes da chegada do Taigun, SUV mostrado pela primeira vez para o mundo no Salão de São Paulo, em outubro passado. Como a montadora já havia afirmado no evento, ele, que apareceu como um conceito, entrará em produção. Porém, ainda que a VW chame o Taigun de “tributo ao Brasil”, ela ainda não confirma se o carro será fabricado aqui ou em outro país e nem quando será lançado.
O que já é certo é o início das vendas do Novo Fusca (nova geração do Beetle), do Tiguan com o pacote “esportivo” R-Line e do cupê CC.
Questionado sobre o provável encerramento da produção da Kombi, o presidente da VW do Brasil despistou. “Estamos produzindo 120 unidades por dia, posso aumentar mais dois turnos”, disse. A questão, porém, é como manter o modelo a partir de 2014, quando passar a ser obrigatório que veículos novos saiam de fábrica com airbag duplo e freios ABS.
Ela é um filho único, não vai haver uma segunda Kombi,”disse Thomas Schmall, presidente da VW do Brasil
Schmall diz que pode até ser possível adaptar esses equipamentos à Kombi, mas não se sabe se o custo compensa. E já admite que a montadora planeja uma sucessora: “Trabalhamos fortemente para manter um modelo similar. Temos um plano B”, disse. No entanto, a ideia não é lançar a “nova Kombi”: “Ela é um filho único, não vai haver uma segunda Kombi.”
Paraná ‘volta ao jogo’
O executivo também falou sobre a fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná, que, no ano passado, amargou uma greve que provocou a falta de versões do Fox em várias cidades. Agora a Volkswagen diz ter conseguido aprovar, junto aos funcionários, um “contrato de competitividade”, que, segundo Schmall, permite um “futuro planejado” e uma noção melhor do custo da produção de cada carro produzido ali –que passa, é claro, pelo que é pago pela mão de obra.
Ele afirmou que o contrato promove mais flexibilidade na fábrica localizada em um estado marcado por disputas entre o sindicato e as montadoras –a Renault também tem fábrica lá. “Curitiba voltou de novo para o jogo”, resumiu Schmall.
Agora a planta também é cotada para receber investimentos, pois já opera no limite da capacidade, o que, ocasionalmente, gera fila de espera pelo Fox.
O mesmo acordo foi fechado com os funcionários de Taubaté e de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde fica a sede da VW. “Ele vale até 2016”, disse o executivo.
2013 menos aquecido
Mesmo esperando ampliar a participação brasileira nas vendas mundiais da marca, o presidente da VW local acredita que o próximo ano será mais fraco que o atual. Para Schmall, isso vai ser resultado, sobretudo, de um primeiro semestre menos aquecido em termos de vendas. Vai pesar o fim do desconto sobre o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que, após duas prorrogações, deverá acabar em 31 de dezembro próximo. Ele prevê ainda que os preços deverão aumentar em função da obrigatoriedade de freios ABS e airbag. Para picapes com cabine dupla, a regra já valerá no ano que vem; para carros, entra em vigor em 2014.
O executivo apontou ainda que deverá haver, em dezembro próximo, uma antecipação de compras de carros, justamente porque o consumidor vai querer aproveitar os últimos dias do IPI mais baixo. “E janeiro e fevereiro costumam ser meses fracos”, disse. Schmall estima uma alta de 2% nas vendas em 2013, com média de 300 mil carros emplacados ao mês, ao todo, no Brasil.
Do G1 Autoesporte