Vou pôr as canelas de fora e percorrer este País, garantiu Lula. Ouça a íntegra do pronunciamento
Nesta sexta (4), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em pronunciamento no Diretório Nacional do PT, na capital paulista, que bastaria ao Ministério Público ou ao juiz Sérgio Moro chamá-lo para prestar qualquer esclarecimento que o faria sem a necessidade de “pirotecnias”.
Lula lembrou que já interrompeu férias para ir a Brasília depor a convite da Polícia Federal. E criticou a ação de hoje em nova fase da Lava Jato, em que foi conduzido à unidade da Polícia Federal sob forte aparato policial e, sobretudo, midiático.
“Vim dizer para vocês que eu vim ao mundo para viver a adversidade. Nunca na minha vida tive nada fácil. Foi tudo muito difícil. Eu, que pensava que poderia me aposentar e apenas ser cabo eleitoral, acho que só existe uma intenção deste comportamento da justiça, deste comportamento que foi colocado hoje pelo Ministério Público, que é muito grave, porque, já fui prestar vários depoimentos à Polícia Federal, ao Ministério Público”.
“Se vocês não sabem, no dia 5 de janeiro, eu estava em férias. Eu suspendi as férias para ir até Brasília prestar depoimento a convite da Polícia Federal. Portanto, se o juiz Moro ou o Ministério Público quisessem me ouvir, era só ter mandado um ofício para eu ir, como sempre fui, prestar esclarecimento porque não devo e não temo”.
“Lamentavelmente, estamos vivendo um processo onde a pirotecnia vale mais do que qualquer coisa. O que vale mais é o show midiático do que a apuração séria e responsável que deve ser feita pela Justiça e pelo Ministério Público. São instituições que eu não só valorizo como valorizei muito quando era presidente da República. Nunca se investiu tanto quanto eu nas instituições”.
“De qualquer forma, nada disso diminui a minha vontade. Pelo contrário, acenderam em mim a chama de que a luta continua, e que preciso voltar a correr este País. Não era necessário o jogo de hoje. Não era necessário o jogo da Globo de ontem, da revista IstoÉ. Tudo isso é para desgastar o nosso governo. Vou pôr as canelas de fora e vou percorrer este País. Lutei tanto para democratizar este País. Lutei tanto contra a ditadura e não vou aceitar essa ditadura midiática de hoje. E convido vocês a correrem o País comigo. Quaisquer cinco pessoas trataremos como se fossem cinco mil”.
“Hoje, na minha vida é o dia da indignação, da falta do respeito democrático, o dia do autoritarismo de pessoas do Judiciário porque seria tão simples ter me convidado para prestar depoimento que eu iria”, disse Lula.
“Quero dizer ao Rui [Falcão, presidente do PT] que se eu tiver um único real irregular, que eu não mereço pertencer ao PT”.
“Embora indignado, quero que saibam que eu escapei de morrer de fome na terra que eu nasci quando tinha cinco anos de idade. Esse foi o primeiro milagre de minha vida. Aconteceu um segundo milagre: diploma de torneiro mecânico. Terceiro, ajudei a montar um partido. O quarto, muitos companheiros me levaram à Presidência. Fui melhor do que todos eles que governaram este País. Provei que o povo humilde pode andar de cabeça erguida, pode comer carne de primeira, pode bater no peito. As coisas que aconteceram no Brasil incomodam muita gente”.
O ex-presidente também declarou que o episódio reacendeu sua chama e reafirmou que, a partir da semana que vem, irá percorrer o País. “Eu, embora esteja magoado, acho que o que aconteceu era o que precisava acontecer para o PT levantar a cabeça. Há muito tempo o PT estava de cabeça baixa. Não precisam de prova, querem o PT sangrando”.
E completou: “se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça. Bateram no rabo. A jararaca está viva”, disse Lula ao encerrar sua fala sob gritos de “Lula, guerreiro, do povo brasileiro”.
Ouça a íntegra do pronunciamento em https://soundcloud.com/institutolula/lula-fala-na-sede-do-pt-em-sao-paulo