75 anos do julgamento dos nazistas. Semelhanças com os dias de hoje
Três quartos de século já se passaram, mas a humanidade não esquece do mais importante julgamento dos últimos séculos, o Tribunal de Nuremberg, realizado no pós-guerra na Alemanha, que colocou no banco dos réus 24 indiciados, dos quais um não foi a julgamento por motivo de saúde e outro por ter cometido suicídio antes do seu início.
O resultado foi o seguinte: 3 foram absolvidos; 12 condenados à morte; 3 condenados à prisão perpétua; e 4 condenados a cumprir entre 10 e 20 anos de prisão. As execuções ocorreram em 16 de outubro de 1946.
Foram levados a julgamento os nazistas que cometeram crimes contra milhões de judeus, de soviéticos e de tantos outros povos de todo o mundo. Os campos de concentração, nada antes visto na história, eram considerados verdadeiras indústrias da morte sob o comando dos Estados nazistas. A cultura da dominação, das armas, do terror, da discriminação e da morte dominou grande parte do mundo durante a década de 1930 e primeira metade da década de 1940.
Sobre este período escreveu a filósofa Hannah Arendt: “Vivemos tempos sombrios, onde as piores pessoas perderam o medo e as melhores perderam a esperança”.
Este julgamento é considerado um marco no direito internacional e no estabelecimento de uma Corte Internacional permanente. Desde 1946 existe, no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), a Corte Internacional de Justiça (também conhecida como Corte de Haia ou Tribunal de Haia), que tem por função julgar Estados. Em 2002, criou-se a Corte Penal Internacional (ou Tribunal Penal Internacional), que, como os julgamentos de Nuremberg, tem como objetivo julgar indivíduos por crimes de guerra, crimes contra a humanidade, genocídio e os crimes de agressão.
Importante manter viva a memória e a determinação para enfrentar tais crimes pavorosos.
Antes de encerrar vai um alerta. Nos últimos anos, movimentos neonazistas voltaram a ganhar força em diversas partes do mundo e no Brasil também. Por aqui, particularmente, foram denunciados os crimes contra a humanidade cometidos contra as populações indígenas e a política de “enfrentamento” adotada na pandemia da Covid-19. Coincidentemente, atingimos nestes dias mais de 600 mil mortos em números oficiais. As estatísticas falam por si mesmas.
Quem não conhece a história está condenado a cometer os mesmos erros do passado. Não podemos permitir que esta cultura da morte volte a prevalecer.
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