Debate com Aldo Arantes e Delaíde Miranda: guerra cultural e resistência democrática

Ex-deputado constituinte e ministra do TST analisam guerra cultural, o papel das Big Techs e os desafios da democracia, na Sede na próxima terça-feira, 30

A luta contra as fake news, o uso político do direito (lawfare) e o domínio das Big Techs serão temas d o debate que promete mexer com a consciência crítica da categoria. O encontro acontece na próxima terça-feira, 30, às 18h, na Sede do Sindicato, em São Bernardo, e terá a presença do ex-deputado constituinte e coordenador nacional da associação Advogados pela Democracia, Justiça e Cidadania, Aldo Arantes, e da Ministra do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Delaíde Miranda.

Ele lança seu livro ‘Domínio das Mentes: do Golpe Militar à Guerra Cultural’ (Kotter Editorial), em que denuncia como a extrema direita avança pela manipulação ideológica, agora potencializada pelos algoritmos das grandes plataformas digitais.

Em entrevista à Tribuna Metalúrgica, Arantes alerta: “a dominação ideológica, a chamada guerra cultural, precisa ser enfrentada com uma ofensiva democrática, com mobilização popular e consciência crítica”. Para ele, é neste campo invisível, mas poderoso, que se decide o rumo da democracia.

Da ditadura à guerra cultural digital

Arantes recorda que, em 1964, a extrema direita tomou o poder por meio de um golpe militar. Hoje, ela disputa corações e mentes utilizando fake news, manipulação religiosa e ataques à ciência. O que antes era feito pela força bruta, agora se fortalece com a tecnologia e com o poder das Big Techs, empresas que concentram riqueza e controlam fluxos de informação como nunca antes na história. “É o casamento entre uma visão reacionária e os mecanismos modernos das redes sociais”.

Fake news e lawfare: armas contra o povo

O ex-deputado aponta que a mentira sempre esteve presente na política, mas ganhou nova eficácia com os algoritmos. Notícias falsas são produzidas em escala industrial, direcionadas para grupos específicos, explorando sentimentos e medos. “É assim que milhões mudam seu voto ou passam a acreditar em teses absurdas, como o negacionismo climático ou a defesa de ditaduras”, denunciou.

Foto: Adonis Guerra

Outro instrumento poderoso é o lawfare, a utilização da Justiça como arma política, como aconteceu na perseguição a Lula na Lava Jato. “Isso não ficou restrito ao Brasil. Hoje o lawfare se espalha pelo mundo, sempre como ferramenta para enfraquecer projetos populares e democráticos”.

Mobilização popular como saída

Diante desse cenário, Arantes defende que a classe trabalhadora e os movimentos sociais assumam o protagonismo da luta ideológica. “A guerra cultural não se combate com neutralidade. Ela se enfrenta com organização, mobilização popular e educação crítica”, afirma. Em seu livro, o autor propõe um plano de 14 pontos para recuperar a consciência democrática e enfrentar a manipulação da extrema direita.

O papel dos trabalhadores

Para o Sindicato, esse debate é central. A categoria metalúrgica sempre esteve na linha de frente da defesa da democracia, desde as greves históricas contra a ditadura até as mobilizações atuais por soberania e direitos. “Hoje, o inimigo é sofisticado, mas não menos perigoso. Fake news, lawfare e Big Techs ameaçam direitos, corroem instituições e buscam dividir a classe trabalhadora”, concluiu Aldo.

Participar deste encontro é reafirmar a importância da luta coletiva. É fortalecer a resistência contra a manipulação e pela construção de um Brasil soberano, democrático e com justiça social.