Ministério do Trabalho propõe suspender demissões do Santander em todo país
Em audiência de mediação entre a Contraf-CUT e o Sindicato dos Bancários de São Paulo com o Santander, em Brasília, o secretário de Relações de Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Manoel Messias, propôs a suspensão das demissões efetuadas em dezembro, conforme liminar concedida no TRT-SP, e abrir um processo de diálogo e negociação coletiva, resguardando as medidas já tomadas pelas entidades sindicais.
O advogado Alencar Rossi, representante do banco espanhol, ficou de consultar a instituição sobre a proposta apresentada e encaminhar uma resposta ao MTE. A partir da manifestação do banco, o Ministério convocará uma nova audiência entre as partes nos próximos dias.
A reunião foi realizada após carta enviada no último dia 5 pela Contraf-CUT ao ministro do Trabalho e Emprego. O Sindicato também fez contatos.
Participaram do encontro o secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT, Miguel Pereira, e a presidente e a secretária de finanças do Sindicato, Juvandia Moreira e Rita Berlofa, respectivamente. Também esteve presente o assessor jurídico da Confederação, Sávio Lobato.
Demissões em massa
Os dirigentes sindicais ressaltaram que ocorreram demissões em massa em todo país, sem qualquer discussão prévia e sem nenhuma justificativa, sobretudo diante do lucro gerencial de R$ 4,7 bilhões até setembro, que representa 26% do resultado mundial do banco.
“Mais de mil funcionários foram dispensados às vésperas do Natal, muitos com mais de 10 anos de casa, oriundos de bancos adquiridos e próximos da aposentadoria”, denuncia Miguel. O representante do Santander disse que não é possível reverter as dispensas.
O diretor da Contraf-CUT solicitou acesso aos dados informados pelo Santander ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do MTE. O banco concordou e as informações serão disponibilizadas até esta sexta-feira (14).
Messias salientou o esforço do MTE para combater a rotatividade, reafirmado o compromisso assumido pelo ministro Brizola Neto, durante a 14ª Conferência Nacional dos Bancários, em Curitiba. “O secretário do Ministério anunciou que as demissões do Santander foram denunciadas ao Ponto de Contato Nacional (PCN)”, destaca Miguel.
Pesquisa
O dirigente da Contraf-CUT entregou para Messias a 15ª Pesquisa do Emprego Bancário, elaborada pela Contraf-CUT e Dieese e divulgada nesta quinta, mostrando que o sistema financeiro nacional gerou 2.876 novos empregos entre janeiro e setembro deste ano, o que representa uma queda de 84,2% em comparação com o mesmo período do ano passado. Embora pequeno, o saldo positivo deve-se às contratações dos bancos públicos. Nas instituições privadas, houve fechamento de 7.286 postos de trabalho nos primeiros nove meses do ano.
“A pesquisa revela mais uma vez que a rotatividade de mão-de-obra continua sendo utilizada pelos bancos para reduzir os salários”, frisou Miguel. Até setembro, o salário médio dos trabalhadores contratados foi 38,65% inferior ao dos desligados. “E as mulheres continuam ganhando menos que os homens nas instituições financeiras”, completou.
Responsabilidade social
Para o diretor da Contraf-CUT, “apesar dos lucros bilionários, o sistema financeiro contribui muito pouco para a geração de empregos e, como se não bastasse, os bancos privados estão cortando postos de trabalho, na contramão do crescimento da economia e do desenvolvimento do país com distribuição de renda e inclusão social”.
Miguel reforça que “se o Santander não demite na Espanha onde há crise, nem corta vagas em outros países da América Latina, não há por que colocar trabalhadores brasileiros no olho da rua”.
Ele lembra ainda que “não falta dinheiro ao banco para gastar com propaganda na TV e patrocínio de futebol e Fórmula 1”. Por isso, “é preciso reverter as demissões, negociar com o movimento social e botar a responsabilidade social em prática”.
Da Cut